• 22 de December de 2024


No Rio Grande do Sul, 3 pacientes morrem após nebulização com cloroquina; médica responsável é afastada

 No Rio Grande do Sul, 3 pacientes morrem após nebulização com cloroquina; médica responsável é afastada

Três pacientes submetidos ao procedimento de nebulização com cloroquina numa cidade do Rio Grande do Sul acabaram morrendo. O caso aconteceu em Camaquã na segunda (22) e quarta-feira (24). O procedimento foi feito pela médica Eliane Scherer. Segundo reportagem do Estadão, ela gravou um vídeo ministrando o tratamento que não faz parte dos protocolos do Hospital Nossa Senhora Aparecida, onde as mortes ocorreram.

A cloroquina não tem eficácia comprovada no tratamento da Covid-19.

A médica foi afastada do hospital e a condita dela está sob investigação do Conselho Regional de Medicina (Cremers). Existe a possibilidade de Eliane ter o registro médico cassado.

A reportagem do Estadão procurou a unidade de saúde e o médico e diretor-técnico do hospital, Tiago Bonilha, ressaltou que ainda não é possível atribuir as mortes ao procedimento de nebulização com cloroquina.

No entendimento de Bonilha, o caso não se trata da chamada prescrição off label, que é permitida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). “Ao meu ver, esse tipo de terapia (nebulização com cloroquina) transcende o que chamamos de prescrição off label. Não tenho experiência com ela e não encontrei referências seguras para aplicar ela, portanto optei por não fazer”, disse.

Ainda segundo o diretor do hospital, dos três pacientes mortos, dois estavam em estado grave, com insuficiência respiratória. Ele prefere ser cauteloso ao falar sobre as consequências do tratamento no estado de saúde dos pacientes, mas aponta alguns elementos que podem comprovar a ineficácia da nebulização com cloroquina.

“Não tenho como atribuir melhora, ou piora diretamente ao procedimento, mas de fato, o desfecho final de três pacientes submetidos a terapia foi óbito. Todos eles têm documentado em prontuário taquicardia, ou arritmias algumas horas após receberem a nebulização”, disse ao Estadão.

O médico ainda destaca que o tratamento só foi permitido porque os pacientes entraram na Justiça para garantir a nebulização com cloroquina.

Ainda conforme a reportagem, na sexta-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro, defensor da cloroquina, concedeu uma entrevista a uma rádio de Camaquã para impulsionar o tratamento por meio da nebulização de hidroxicloroquina.

Joe Improta