• 4 de February de 2025

Reordenamento do Centro de Camaçari é um remédio amargo, porém necessário

 Reordenamento do Centro de Camaçari é um remédio amargo, porém necessário

Nos últimos dias, uma polêmica tomou as redes sociais em Camaçari, gerada pela remoção de ambulantes que ocupavam calçadas, pontos de ônibus e outras áreas públicas no Centro da cidade.

Quando o assunto envolve o sustento diário, ele se torna delicado e exige cuidados ao ser abordado, afinal, ninguém quer percorrer as linhas da injustiça. Por isso, decidi voltar um pouco no tempo para contextualizar essa situação.

A gestão de Elinaldo negligenciou diversos trabalhadores de várias categorias nos últimos anos. A falta de incentivo ao comércio local e a saída da Ford impactaram diretamente a renda de muitas famílias. Muitos acreditam que a ausência do transporte público seja apenas uma questão de locomoção, mas a verdade é que muitos profissionais ficaram desempregados após o fim do serviço. Comerciantes tiveram que demitir funcionários e assistir à fuga de consumidores para cidades vizinhas. A má organização do Camaforró, a festa mais popular da cidade, também causou prejuízos tanto para lojistas quanto para ambulantes.

O que dizer da empresa Dragão, que de acordo com o prefeito de Mata de São João, não teria se instalado em Camaçari por um pedido de propina e por este motivo ter deixado de gerar 300 vagas de emprego no municipio. Outra empresa, a Redemix, teve até investigação do MP-BA por conta da demora da prefeitura na liberação da obra. A empresa que pretendia investir R$ 20 milhões e gerar 150 postos de trabalho, acabou também não se instalando. Quantas famílias poderiam ter deixado o desemprego e o mercado informal?

Fato é que muitos trabalhadores que ficaram sem apoio do poder público foram abandonados à própria sorte, alguns ocupando locais inadequados e permanecendo por longos períodos, o que acabou gerando um aspecto de desorganização em várias partes da cidade.

O que fez o CIAT nos últimos oito anos? As oportunidades de trabalho não foram mais divulgadas nos meios de comunicação local, o que não só mostrou falta de transparência, mas também impediu o trabalhador de ter acesso a alternativas.

Diante desse cenário, a gestão municipal cometeu o erro de permitir que os ambulantes ocupassem áreas que dificultavam a circulação das pessoas. Essa solução temporária ofereceu uma fonte de renda para muitos, mas também isentou a administração da responsabilidade social e da obrigação de buscar alternativas melhores de emprego e renda.

Embora a atual gestão tenha disponibilizado um espaço coberto para os ambulantes, alguns apresentam insatisfação. Por outro lado, a maioria da população apoia a liberação das áreas públicas para a circulação dos pedestres. Agora, o remédio é amargo. Mas precisava de alguém capaz de receita-lo.

Coluna Quebra-queixo
Joe Improta

Joe Improta