• 22 de November de 2024


IBGE aponta BA como estado brasileiro com maior nº absoluto de pessoas extremamente pobres

 IBGE aponta BA como estado brasileiro com maior nº absoluto de pessoas extremamente pobres

Bahia tem 2º maior número absoluto de pessoas pobres e população tem restrição no acesso a saneamento básico — Foto: Reprodução/ TV Bahia

Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta quinta-feira (12), apontou que, em 2019, a Bahia possuía, em números absolutos, a maior quantidade de pessoas extremamente pobres e a segunda maior de pobres.

Segundo a pesquisa, no ano passado, quatro em cada 10 moradores do estado (40,4% da população) estavam abaixo da linha da pobreza monetária, com renda domiciliar per capita menor que R$ 428. Além disso, pouco mais de 1 em cada 10 (12,5%) estava abaixo da linha de extrema pobreza, com renda domiciliar per capita menor que R$ 148.

De acordo com o IBGE, essas proporções praticamente não se alteraram desde 2016 e davam à Bahia, em 2019, o 2º maior número absoluto de pobres, com 6 milhões de pessoas, e o maior número de extremamente pobres do país, que totalizava 1,853 milhão.

Já em termos percentuais, a Bahia (40,4%) ficava na 11ª posição entre os estados – caindo 4 posições no ranking, já que havia sido 7º em 2018. Maranhão (52,2%), Amazonas (47,4%) e Alagoas (47,2%) tinham os maiores percentuais de população abaixo da linha de pobreza em 2019 em termos percentuais.

No outro oposto, Santa Catarina (7,5%), Rio Grande do Sul (11,1%) e Distrito Federal (11,2%) tinham as menores proporções de pessoas na linha de pobreza.

O instituto explica que o Brasil não tem uma linha oficial de pobreza. Considerando o critério definido pelo Banco Mundial para países de renda média, adotado no acompanhamento das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a linha oficial de pobreza é de US$ 5,50 por dia em paridade de poder de compra.

Entre as capitais, a pesquisa considera Salvador um pouco mais bem posicionada, já que a capital baiana, com a 4ª maior população em geral, tinha, em 2019, o 5º maior número absoluto de pessoas abaixo da linha de pobreza monetária: 611 mil, que representa 21,3% da população. Entretanto, de 2018 para 2019, o número de extremamente pobres teve discreto aumento em Salvador, de 124 mil para 140 mil pessoas (4,9% da população).

Tanto a Bahia quanto Salvador ainda tinham, em 2019, bem mais pobres, em número absolutos e percentuais, do que em 2014, ano em que a pobreza chegou a seu mais baixo patamar tanto no estado (37,5% da população, ou 5,446 milhões e pessoas) quanto na capital (13,6% ou 379 mil pessoas).

No Brasil como um todo, em 2019, 51,7 milhões de pessoas viviam abaixo da linha de pobreza monetária do Banco Mundial – renda domiciliar per capita mensal menor que R$ 436. Isso representava 24,7% da população do país. Também houve uma discreta redução nesse grupo em relação a 2018, quando 25,3% dos brasileiros estavam abaixo da linha de pobreza (52,5 milhões de pessoas), informou o IBGE.

Extrema pobreza e restrições
O valor de US$ 1,90 diário per capita em paridade de poder de compra é o limite para a definição de extrema pobreza global, como explicitado no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 1.1 e na missão institucional do Banco Mundial.

Na Bahia e em Salvador, essa linha equivalia, em 2019, a uma renda domiciliar per capita média de R$ 148 por mês.

A extrema pobreza teve recuo discreto na Bahia, entre 2018 e 2019, o segundo consecutivo. Em Salvador, porém, o movimento foi inverso, houve um leve aumento no número de pessoas extremamente pobres e de sua participação na população em geral.

No estado, 1,853 milhão de pessoas viviam com menos que R$ 148, o que correspondia a 12,5% da população. Houve uma redução de 3,2% nesse grupo em relação a 2018, o que representou menos 62 mil pessoas em pobreza extrema. Mesmo assim a Bahia manteve, no ano passado, o maior número de extremamente pobres do país, posto que o estado ocupa desde o início da série histórica da PNAD Contínua, em 2012. Ficou ainda com o 8º maior percentual (12,5%).

Maranhão (20,4%), Acre (16,1%) e Alagoas (15,0%) lideravam na proporção de extremamente pobres, enquanto Santa Catarina (1,5%), Distrito Federal (1,7%) e Rio Grande do Sul (2,2%) tinham as menores percentagens.

A proporção de pessoas abaixo da linha de extrema pobreza na Bahia é praticamente o dobro da nacional. No Brasil como um todo em 2019, 6,5% da população (13,7 milhões de pessoas) viviam com renda domiciliar per capita inferior a R$ 151 (valor da linha nacional). A proporção de extremamente pobres no país não se alterou em relação a 2018, quando 13,5 milhões de brasileiros estavam nessa condição.

Além disso, a Bahia tem maiores proporções da população morando em domicílios com algum tipo de restrição no acesso a serviços que contribuem para melhores condições de vida.

A restrição mais frequente para toda a população da Bahia é no acesso simultâneo aos três serviços de saneamento básico: rede de água, coleta de esgoto e coleta de lixo. A situação atinge quase metade da população total do estado, o que corresponte a 47,3% dos moradores.

Entre os pobres, essa proporção sobe para pouco mais de 6 em cada 10 pessoas (63,0%) que vivem em domicílios não atendidos por pelo menos um dos serviços.

As outras restrições são:

Acesso a educação: segunda restrição mais frequente para a população baiana, que atingia 1 em cada 3 pessoas no estado (33,3%). Esse percentual chegava mais perto de 4 em cada 10 entre as pessoas abaixo da linha de pobreza (36,4% tinha restrição à educação).

Acesso à Internet: terceira restrição mais comum na Bahia que afetava 22,5% da população e aumentava para quase 3 em cada 10 pessoas consideradas pobres (29,5% viviam em domicílios sem nenhum tipo de acesso à Rede).

Joe Improta