• 2 de November de 2024


Cerca de 30 assaltantes atacam banco, fazem reféns e deixam dois feridos em Criciúma

 Cerca de 30 assaltantes atacam banco, fazem reféns e deixam dois feridos  em Criciúma

Uma quadrilha sitiou o Centro de Criciúma, no Sul de Santa Catarina, para assaltar um banco entre o fim da noite desta segunda-feira (30) e início da madrugada desta terça-feira (1º). O grupo fortemente armado invadiu a tesouraria regional de um banco, provocou incêndios, bloqueou ruas e acessos à cidade, usou reféns como escudos e atirou várias vezes.

A polícia encontrou 10 carros utilizados pelos criminosos. Os veículos estavam em um milharal em Nova Veneza, cidade vizinha, e eram de “alta potência e grande valor comercial”, segundo o delegado Vitor Bianco.

  • Resumo:
  • Cerca de 30 pessoas encapuzadas assaltaram uma agência do Banco do Brasil no Centro de Criciúma às 23h50 de segunda-feira (30). A ação durou 1 hora e 45 minutos.
  • Pessoas foram feitas reféns e cercadas por criminosos; houve bloqueios e barreiras para conter a chegada da polícia.
  • Um PM e um vigilante ficaram feridos. Ninguém morreu.
  • Criminosos fugiram, e parte do dinheiro ficou espalhada pelas ruas. Valor levado e abandonado não foi calculado até as 7h30.
  • Quatro moradores foram detidos após recolherem R$ 810 mil que ficaram jogados no chão devido a explosão durante o assalto.
  • Criminosos também deixaram 30 quilos de explosivos para trás. Polícia não sabe o total utilizado.
  • 10 carros usados no assalto foram apreendidos em um milharal de uma propriedade privada em Nova Veneza, a noroeste de Criciúma.
  • Em nota, o Banco do Brasil disse que funcionários não foram feridos, que não há previsão para reabertura da agência e que não informa “valores subtraídos durante ataque às suas dependências”.

A prefeitura pediu ajuda a batalhões de municípios vizinhos e também para cidades do Rio Grande do Sul.

Criciúma tem cerca de 217 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e fica 200 km ao sul da capital catarinense, Florianópolis, e 285 km ao norte da capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. A economia do município se baseia, principalmente, em exploração de carvão, indústria, agricultura e pecuária.

Reféns sentados na rua
Os primeiros relatos do tiroteio foram feitos por volta da meia-noite. O som dos disparos foi ouvido principalmente na região central de Criciúma.

Imagens nas redes sociais mostraram reféns e pessoas cercadas nas ruas pelos criminosos. Homens foram deixados sem camisa sentados sobre uma faixa de pedestres na rua.

A Polícia Militar (PM) informou que o grupo incendiou um túnel no município de Tubarão (SC) que dá acesso a Criciúma, para tentar impedir que reforços chegassem até o local dos assaltos.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), um caminhão com placa de Dumont (SP) foi atravessado no túnel, na BR-101, e foi incendiado. Também foram espalhados miguelitos (apetrechos de metal capazes de furar pneus de carros) para dificultar a ação da polícia e dos bombeiros. O túnel foi liberado após os bombeiros apagarem as chamas.

O delegado Victor Bianco Cruz informou que os criminosos usaram veículos de “alta potência e grande valor comercial”, de marcas como Audi, Land Rover, BMW, Mitsubishi e Volkswagen.

“Nós acreditamos, sim, que o valor levado é bastante grande, pelos vídeos que circulam nas redes sociais aqui, onde teria uma enorme quantidade de dinheiro na caçamba de uma caminhonete”, disse o delegado.
Alguns tinham placas de São Paulo, mas até a última atualização desta reportagem a polícia não sabia se elas eram verdadeiras ou falsas.

Após o ataque, os criminosos fugiram e abandonaram dinheiro no local. Por volta das 2h30, peritos estavam nas ruas para analisar a suspeita de abandono de materiais explosivos. Nas calçadas e nas ruas próximas da ação foram encontradas várias cápsulas de munição, inclusive de fuzil.

Prefeito da cidade, Clésio Salvaro (PSDB) disse que grupo fugiu em comboio: “Cena surreal” (veja entrevista abaixo).

Funcionários que pintavam faixas feitos reféns
Salvaro também disse que os reféns foram liberados sem ferimentos. Os homens mostrados em imagens divulgadas em rede social sentados em uma rua, usados como uma barreira pela quadrilha, eram funcionários do município que pintavam faixas de trânsito.

Durante a madrugada, Salvaro orientou aos moradores que ficassem em casa.

“A cidade neste momento tá sitiada. São criminosos aí muito bem preparados. Certamente vieram de outros estados da federação. Recomenda-se que você fique em casa”, disse à 1h.

Polícia fala em ‘novo cangaço’
A PM informou que buscou reforços. Segundo o tenente-coronel Cristian Dimitri Andrade, do 9ª Batalhão da Polícia Militar (9º BPM), agentes de Araranguá, Tubarão e Içara se deslocaram para a cidade.

“Uma quadrilha do crime organizado, que é especializada em assalto a banco. A gente chama de modalidade ‘novo cangaço’. Eles fazem assaltos simultâneos, atacam quarteis, como atacaram no batalhão também”, disse o tenente-coronel ainda na madrugada.
O Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Choque da PM de Florianópolis também foram acionados.

Segundo a polícia, foi levado o dinheiro do cofre do banco, que era o alvo do grupo de criminosos. O valor total do roubo ainda não foi divulgado. A explosão provocada durante a ação danificou estrutura da tesouraria regional, que fica anexa à agência bancária, no Centro do município.

Fuga
Durante a fuga, pelo menos um malote de dinheiro foi abandonado pela quadrilha.

Cédulas e cápsulas de bala também ficaram espalhadas pelas ruas.

Joe Improta